Aposentado dorme há 23 anos em caixão dado por amigo em Governador Valadares (MG)
O aposentado Zeli Ferreira Rossi, 60 anos, tem um hábito incomum e que  chama a atenção de moradores no entorno do Bairro Santa Terezinha, em  Governador Valadares (MG). Todas as sextas-feiras ele segue para um  quarto de sua casa, onde dorme em um caixão que ganhou de um amigo em  1983. A rotina se repete há 23 anos em homenagem a esse amigo, desde a  morte dele em 1988.
"Esse meu amigo achou que eu tinha morrido. Há 28 anos, eu sofri um  grave acidente de carro, fiquei quatro meses internado no hospital e  oito dias na UTI [Unidade de Terapia Intensiva]. A gente tinha o acordo  de comprar o caixão de quem morresse primeiro. Por achar que eu estava  morto, ele comprou o caixão e mandou entregar em minha casa. Fiquei sem  usar o presente por cinco anos", disse Rossi, que também é conhecido na  cidade como "Zé do Caixão".
No acidente, o aposentado sofreu traumatismo craniano e fratura no  fêmur de uma das pernas. "Andei um ano em cadeira de rodas e três anos  usando muletas. O fêmur da minha perna moeu e ando mancando até hoje",  disse Rossi.
Rotina noturna
Ele afirmou que o hábito de dormir todas as sextas-feiras no caixão,  até mesmo às sextas-feiras 13, não tem nada de macabro e nenhuma ligação  religiosa. "É uma homenagem a esse amigo. Ele era bandido e foi morto  com 14 facadas, em Vitória, em uma sexta-feira. Ele me deu o caixão, mas  morreu antes de mim."
O aposentado afirmou ainda que, assim como combinado com o amigo,  comprou o caixão para o sepultamento do companheiro morto. "Comprei um  zerinho para ele e fiquei com o caixão que ele tinha me dado de  presente."
Filho da curandeira Luzia Ferreira Rossi, famosa em Governador  Valadares e que morreu em 2004, ele chegou a seguir os passos da mãe por  alguns anos. "Ela era muito conhecida aqui na cidade. Ela fazia  garrafadas, benzia crianças e fazia curas. Trabalhei com ela e segui com  essa vocação por alguns anos após a morte dela, mas hoje eu parei. De  vez em quando alguém me procura para benzer, mas sempre quando é  sexta-feira 13."
Edição do Jornal Escolar em que a história de Zé do Caixão foi contada por alunos da E.M. Santos
Dumont, em Governador Valadares.
Rossi é casado há 41 anos com Cleusa Pereira Rossi, 56 anos, e garante  que ela não acha estranho o hábito de dormir no caixão. "Ela mesma  brinca que um dia vai dormir lá também. Mas comigo ela não dorme no  caixão, porque lá não é lugar para isso. Para o amor eu tenho os outros  dias da semana. Eu estou velho, mas ainda me divirto", disse o  aposentado.
Segundo ele, é ela que fecha a tampa do caixão à meia-noite. "Só acordo  por volta das 6h para tomar café. Nunca senti falta de ar. Sempre faço  minhas orações. Rezo um terço toda vez que me deito no caixão", lembrou o  aposentado.
"Uma vez, quando viajamos para uma praia no Espírito Santo, não  conseguimos voltar antes de sexta-feira e por isso tivemos de pernoitar  na cidade. Não consegui dormir. Fiquei com insônia sem meu caixão. Foi  péssimo", disse Rossi.
Celebridade
Zé do Caixão afirmou que seu hábito noturno de todas as sextas-feiras  se tornou público por causa do neto, Otávio Rosse, 14 anos, que publicou  a história no Jornal Escola, publicação extra-curricular da Escola  Municipal Santos Dumont, que foi veiculada em julho deste ano. "Foi um  trabalho para melhorar a auto-estima dos alunos da região. O objetivo  era mostrar curiosidades de moradores dos bairros vizinhos", disse a  professora Janaína Martins Toledo.
"Depois que saiu esse jornal, sempre recebo visita de pessoas que  querem conversar comigo, pedem para benzer. As pessoas gostam de mim  porque sempre dou bons conselhos", afirmou Zé do Caixão.
Fonte - G1, São Paulo
 Neto do PT - Maragojipe em Ação
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