Relatório preliminar à proposta orçamentária  de 2012 deverá ser votado na manhã desta quinta-feira, na Comissão Mista  de Orçamento. Previsão de reajuste real para aposentados será incluída  no texto.
Os aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social  (INSS) poderão ter um reajuste acima da inflação em 2012. Nesta  quarta-feira (9), os líderes dos partidos na Comissão Mista de Orçamento  fecharam um acordo para que o relator-geral da proposta orçamentária,  deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), inclua no parecer preliminar a  possibilidade de aumentar os recursos do INSS para garantir o aumento  real.
A proposta orçamentária reservou recursos para garantir apenas a  reposição da inflação deste ano, medida pelo Índice Nacional de Preços  ao Consumidor (INPC), para os cerca  de 9 milhões de aposentados e pensionistas que ganham acima do salário  mínimo. O percentual de reajuste foi calculado em 5,7%. Cada 1% de  aumento para esta categoria de beneficiário representa uma despesa  adicional líquida de R$ 1,837 bilhão em 2012, segundo cálculos  preliminares da consultoria de Orçamento da Câmara.
Os aposentados reivindicam um reajuste nominal de 11,7% no próximo  ano. O percentual representa a reposição da inflação de 2011, mais 80%  do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) verificado em 2010. A proposta significa um ganho real de 6% no próximo ano.
Sem percentual
O acordo fechado nesta quarta-feira não trata do percentual de reajuste –  o parecer preliminar não costuma dimensionar as despesas públicas.  Segundo o texto assinado pelos líderes, a definição do aumento sairá das  negociações do governo com as centrais sindicais, que costumam ser  intensificadas no início do ano.
Na prática, como explicou o presidente da comissão, senador Vital do  Rêgo (PMDB-PB), o acordo é uma sinalização para o governo. “Foi um sinal  político de que o Congresso entende que deve haver um ganho real para  os aposentados. Mas por prudência, no meio dessa confusão econômica no  mundo, é o governo que vai dizer, mediante negociação, o tamanho do  aumento. O que a comissão está dizendo é que alguma coisa vai ter de  aumento”, disse.
O senador conduziu a negociação para o acordo, que foi aberta pelos  deputados João Dado e Paulo Pereira da Silva, ambos do PDT paulista. O  primeiro é o líder do partido na comissão. O vice-líder do governo no  Congresso, deputado Gilmar Machado (PT-MG), também atuou para o acordo.
O relator-geral do Orçamento foi na mesma linha do presidente da  comissão. “O acordo é a base para darmos sequência política ao aumento. O  que cabe a mim é dar forma a essa manifestação política”, disse  Chinaglia. O texto do acordo será adaptado por ele no parecer  preliminar, que vai à votação nesta quinta-feira (10), às 9h30. O mais  provável é que o tema entre como um adendo ao parecer.
Chinaglia disse também que a primeira versão do seu parecer  preliminar já garante a possibilidade de alocação de mais recursos para  os benefícios previdenciários em caso de inflação superior à estimada  pelo governo (5,7%). Os parlamentares, no entanto, avaliaram que deveria  haver uma redação direcionada exclusivamente para os aposentados e  pensionistas que ganham acima do mínimo.
Votação
O acordo celebrado entre os líderes foi uma tentativa de reduzir os  obstáculos para a votação do parecer preliminar nesta quinta. O texto  foi entregue por Chinaglia no dia 20 de outubro, e desde então vem  enfrentando resistência de alguns parlamentares, insatisfeitos com a  principal novidade do relatório: as emendas de iniciativa popular.
De acordo com o parecer, municípios com até 50 mil habitantes poderão  propor uma emenda diretamente ao Orçamento da União, em valores que vão  de R$ 300 mil a R$ 600 mil. A emenda será escolhida em audiência  pública na câmara de vereadores da cidade.
Alguns deputados acreditam que a emenda enfraquece o mecanismo de  representação popular, no qual o parlamentar é que faz a intermediação  entre as demandas do município e o Orçamento federal.
O presidente da comissão acredita, porém, que as críticas ao  mecanismo das emendas populares são pontuais e que o parecer preliminar  será votado nesta quinta. “Se houver problema, vamos a voto. O plenário é  que vai decidir”, afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário