A oposição ao governo federal, incluindo a velha mídia, tem se focado
na retórica "udenista", aquela prática de fazer campanhas apenas
denuncistas, para encobrir a falta de propostas populares capazes de
sensibilizar o eleitor. O problema é que esse discurso tem encontrado
eco apenas em um nicho do eleitorado, conservador, que já é eleitor da
oposição, e que em sua grande maioria se informa pelos veículos desta
chamada grande mídia.
Peguemos o caso do julgamento do chamado núcleo político no
"mensalão". Os mais conservadores se saciam com as condenações
políticas. Mas como os jovens, no auge de seu idealismo, estarão vendo
pessoas que tiveram suas vidas vasculhadas, inclusive bancária e fiscal,
serem condenadas apenas por sua atividade política, sem terem desviado
nenhum centavo para si?
Haverá muitos que enxergarão hoje situação semelhante aos presos
políticos da época da ditadura. Alguns até transigiram as leis
arbitrárias da época, mas por ideais libertários. Outros eram presos
apenas por estar em um grupo de pessoas num lugar público.
Da mesma forma, hoje, infringiram as leis quem fez caixa 2, mas há
aqueles que não o fizeram para enriquecimento pessoal. Outros foram
condenados apenas por 'participarem de reuniões', sem que infringissem
nenhuma lei.
É cedo para conclusões – e o próprio julgamento está longe de
encerrar as contestações que virão –, mas há um efeito colateral inverso
ao que a velha mídia quis produzir.
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