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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Num Carnaval pouco brilhante e inseguro, destaque do povo Maragojipano para o Brasil e o mundo [para Jorge Portugal e Spike Lee] e sobraram arrogância, bacalhaus e abacaxis – para o nosso povo.
LUIZ CARLOS BRASILEIRO DE ANDRADE ( Maragojipano ) - Manda o seu recado:
CARNAVAL DE MARAGOJIPE 2013 – UM PASSO ATRÁS! Não pretendo aqui abordar as atitudes da atual gestão municipal para
com o nosso Carnaval dentro da ótica da preferência partidária, mas sim
apegando-me à uma avaliação técnica e, sobretudo, ao forte sentimento do
“ser” maragojipano. O comentário abaixo é um pouco longo, porém bastante informativo e esclarecedor sobre a “Polêmica do Carnaval 2013”.
Classifico a postura desta administração municipal como imatura e
mesquinha em todas as situações envolvendo suas decisões sobre a
organização/planejamento do Carnaval que é reconhecido pelo Brasil e
pelo mundo como patrimônio cultural, construído e amado pelo povo de
Maragojipe. Foi evidente a falta de compromisso e até de
sensibilidade em prestigiar uma das manifestações culturais mais
importantes da nossa gente. Em momento algum foi observada a
sua preocupação em antecipar o procedimento de organização do Carnaval,
que somente foi tratado a partir de 10 de janeiro [menos de 01 mês para o
início do evento]. Desprezou-se inclusive o processo de
transição que se iniciou na primeira semana de dezembro último, não se
oficializando, em momento algum, a transferência de informações entre
gestões. Houve somente uma abordagem informal com o antigo secretário de
cultura e turismo, no qual passou as informações dos preparativos do
Carnaval 2013 verbalmente. Prevendo-se, por diversas
circunstâncias, a dificuldade de captação de recursos para o evento, a
antiga gestão mobilizou-se em conjunto com a AMMA – Associação de
Músicos de Maragojipe, a fim de assegurar investimentos básicos,
principalmente para a valorização das manifestações culturais e promoção
do mesmo. Nesse contexto, foram articulados cerca de 510 mil
reais – 330 mil através do IPAC, 100 mil pela Petrobrás S/A e 80 mil
pela Bahiatursa. Em certo momento, a prefeitura reagiu como se a
AMMA fosse sua inimiga, criando diversas situações de instabilidade e
provocando intrigas, inclusive, ameaçando não realizar o próprio
Carnaval. Representantes da AMMA, temendo o risco do Carnaval
de 2013 não existir - o que poderia acarretar numa grande perda de
referência do evento como produto cultural e turístico - propôs uma
construção conjunta do evento, mas a prefeitura insistia em deter toda a
gerência sobre os citados recursos, sempre ameaçando não realizar o
evento. Foi cedida à prefeitura a gestão dos 80 mil reais
patrocinados pela Bahiatursa [que se constituiu na contratação das
bandas Paulinho Boca de Cantor, Motumbá e Walter Queiroz], além do
patrocínio de 100 mil reais da Petrobrás, o qual não foi concretizado,
desconhecendo-se os motivos. Mesmo assim, a prefeitura ainda
insistia em abocanhar os 330 mil reais do IPAC, propondo deixar de
investir em atividades de valorização e difusão cultural, para investir
na contratação de estrutura para o evento [sanitários químicos,
segurança, palco, som, etc]. Vendo a impossibilidade legal de
se fazer isso, a prefeitura acionou o Ministério Público, como forma de
pressionar os representantes da AMMA em ceder recursos para suprir os
interesses da prefeitura. Em paralelo, houve o fatídico
episódio da retirada dos out doors de promoção do Carnaval, previsto no
convênio do IPAC, de forma extremamente arrogante e prepotente – as
mesmas placas serviram recentemente para a promoção pessoal da atual
gestora. Por último, foi ajustado, sob a autorização do IPAC, o
Plano de Trabalho do respectivo convênio, incluindo-se a locação do
Palco Principal, com som, iluminação e gerador. Diminuiu-se o valor da
decoração [prevista no convênio somente para a Praça Conselheiro Antonio
Rebouças] de 40 mil para 26,5 mil reais. No ano passado, o valor
investido na decoração do evento – elemento considerado fundamental para
a conotação do Carnaval – foi de cerca de 110 mil reais. Em
2012 foram investidos no Carnaval de Maragojipe aproximadamente 940 mil
reais, sendo 40% desse montante de recursos da prefeitura municipal. Foi
o maior investimento que o evento já teve em toda a sua história.
A previsão para 2013, levando-se em consideração toda a importância que
o Carnaval tem como produto cultural e turístico, estava fixada em
cerca de 1 milhão e 300 mil reais [orçamento compatível com o Carnaval
do Pelourinho, promovido pela Governo do Estado], sendo a sua maioria em
patrocínio, porém somente foram investidos cerca de 500 mil reais,
sendo 330 através do convênio AMMA-IPAC e 80 mil da Bahiatursa. Neste
caso, a AMMA/Governo da Bahia foram responsáveis em bancar quase 80% do
evento. A gestão municipal, em todo o episódio, alegava a
falta de recursos como fator impeditivo para a realização do Carnaval,
porém, entre 01 de janeiro e 10 de fevereiro de 2013, a prefeitura de
Maragojipe acumulou em suas contas correntes mais de 5,8 milhões de
reais em valores líquidos, sendo 2,2 milhões somente da cota do FPM,
segundo o site www.bb.com.br – Demonstrativo de Distribuição da Arrecadação aos Municípios Brasileiros e outras fontes.
O Carnaval vinha alcançando, a cada ano, um crescimento considerável,
em todos os aspectos, mas, em 2013, de forma bastante perceptível, esse
mesmo Carnaval deu um passo atrás. Foram detectados diversos
problemas estruturais/organizacionais de elementos estratégicos como
preparação/interação com o receptivo e serviços turísticos, promoção
mais ampla, iluminação pública ineficiente, pouca segurança, diminuição
dos circuitos do evento, ausência de atrações musicais de referência da
cultura carnavalesca baiana e brasileira, inexistência do Grito do
Carnaval – com seus tradicionais concursos de marchinhas e escolha do
Rei Momo e da Rainha do Carnaval, que no ano passado teve a transmissão
ao vivo da TVE -, além da instabilidade grada pela indecisão e ameaça da
prefeitura em não realizar o Carnaval, provocando desânimo na
população. O poder público foi bastante omisso e irresponsável
em todo o processo. Digo, sem exageros, que sua participação foi
patética. Provocou um processo de involução do Carnaval. A
“falta de brilho” da festa Momesca maragojipana foi percebida amplamente
pelo povo e pelos comerciantes, foi percebida pelos turistas e
visitantes. Foi sentida em todos os corações. Mas, mesmo
diante de todo esse impasse, o povo maragojipano foi guerreiro,
preenchendo as ruas com sua alegria e suas fantasias. Perante
toda essa “novela”, fica uma grande lição: não se brinca com o povo, não
se menospreza seus sentimentos, suas emoções e expectativas. O
reflexo de tudo isso é o alto grau de rejeição que a atual gestão
acumulou nesse pequeno período – há menos de completar dois meses de
existência. Um recorde! É necessária uma reação consistente e
consciente a esse fatídico episódio da história cultural maragojipana:
primeiro, o poder público municipal não é “dono” do Carnaval, ele é do
povo – a prefeitura tem o papel importante de ser ordenadora do evento,
cuidar das estruturas necessárias para garantir conforto e segurança ao
público e assegurar meios para os investimentos nas políticas públicas
de cultura; segundo, é necessário um pleno amadurecimento nas relações
institucionais com os segmentos que fazem o carnaval: associações,
grupos culturais, artesãos, produtores culturais, além dos empresários
do ramo do turismo [hotéis, pousadas, bares, restaurantes e outros]. As
instituições e segmentos precisam ser respeitados, independentes e
fortes, o que fortalece o próprio evento, visto que o poder público não é
onipresente e tem grandes dificuldades em atender a todas as demandas
do evento; e terceiro, torna-se, mas do que nunca, importante a criação
de instrumentos que democratizem as decisões sobre a realização do
Carnaval [isso é por demais estratégico], como Estatuto e Conselho do
Carnaval, já que esses episódios lamentáveis, de indecisão e falta de
compromisso do poder público municipal, geraram elevada insatisfação na
população e em toda a cadeia produtiva do evento, acarretando grandes
prejuízos ao município [cultural, social, econômico e moral]. Num Carnaval menos brilhante e mais inseguro, faltaram as iniciativas
concretas para continuar em fazê-lo um elemento de destaque do povo
maragojipano para o Brasil e o mundo [para Jorge Portugal e Spike Lee] e
sobraram arrogância, bacalhaus e abacaxis – trocadilho à parte, espero
que tudo isso não se transforme num enorme abacaxi para o nosso povo.
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